sexta-feira, novembro 11, 2005

Pirataria ou Inclusão Musical?

Muito se fala no Brasil e no mundo a respeito da pirataria de software, de CD´s e DVD´s. Recentemente, no Jupix, havia um post muito interessante sobre pirataria de CD´s e sobre o preço do CD que inviabiliza o acesso deles à grande maioria das pessoas.
Hoje, na Folha, saiu uma matéria alertando que o Brasil tem 9,5% dos CD´s piratas do mundo. Um número grande, se imaginarmos o tamanho deste mercado, um enorme crescimento, se considerarmos que 5% dos CD´s em 1997 eram piratas, 53% em 2002 e 65% hoje, em 2005.
Estes dados todos estão em um estudo chamado "Relatório de Pirataria Comercial 2005", do INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial). O estudo mostra que o maior consumidor deste tipo de produto, situa-se em uma faixa de renda de até R$999,00 e que a pirataria diminui à medida em que a renda aumenta.
Estas informações levantam algumas questões. Primeiro, será realístico afirmar que a pirataria, no formato em que está ocorrendo, é algoz de milhões de reais em perdas da indústria? Acho que valeria a pena ouvir outras empresas, como por exemplo a fabricante de artigos de luxo Prada. Questionada sobre a proliferação de produtos falsificados, a empresa respondeu que isso não a importava, inclusive era até benéfica a pirataria de seus produtos. Isso porque o raciocínio da empresa é que as pessoas que compram as bolsas piratas, nunca comprariam uma bolsa Prada de qualquer maneira, portanto não podem ser considerados clientes e nem perda de faturamento. Por outro lado, isso divulga gratuitamente a marca pelo mundo e torna possível a uma destas pessoas comprar uma original, um dia, caso tenha capacidade financeira.
Voltando aos compradores de CD´s piratas, será que alguns deles seriam compradores de CD´s originais? Vejamos, um CD custa entre R$25 e R$35; um pirata entre R$3 e R$6. O que fica claro é que as empresas não dão importância a este mercado, que ele não é tão interessante. Se assim fosse, poderiam usar a famosa criatividade brasileira e procurar oferecer CD´s com versões mais baratas, que se adequassem a este mercado. Garanto que todos, sejam eles músicos, produtores, dirigentes de empresas, se envolveriam em diminuir suas margens e criar um produto realmente barato para concorrer com os piratas. Mudem a embalagem, usem o plástico como seus "concorrentes" usam, pressionem o fabricante para que ele ofereça mídias a preços mais simpáticos, pressionem o Governo para diminuir os impostos na forma de incentivo à cultura. Não sou um profissional da indústria, mas as leis de marketing mostram que, se houver interesse, é possível desenvolver um mercado.